sábado, 24 de novembro de 2012

Use melhor o seu tempo



 Saiba como se organizar melhor para evitar levar trabalho para casa


 - Crédito: ® 1 e 4 Istockphoto, ® 2 e 3 Getty Image, ® 5 Ilustrações Marcos Muller
VOCÊ S/A, em parceria com Christian Barbosa, especialista em gestão de tempo e fundador da consultoria Triad PS, realizou uma pesquisa no mês passado para descobrir como os profissionais usam o tempo no trabalho (veja o perfil dos respondentes no fim da reportagem). As respostas, de 1 606 pessoas, revelam que há muita gente perdendo, todos os dias, minutos preciosos com atividades banais. "Os profissionais precisam adotar algumas práticas simples para ganhar tempo e ter mais qualidade de vida", diz Christian. Veja os resultados do levantamento.

DE 30 MINUTOS A 2 HORAS é o tempo que as pessoas enrolam por dia, realizando atividades banais, como lixar as unhas e jogar no celular.
• Já parou para pensar em como esse tempo é precioso? Se não tivesse gastado esses minutos, você poderia sair do escritório e... ...em 1 hora: fazer planos detalhados para cumprir as resoluções de ano novo. Em 2 horas: assistir a um filme, ler sua revista preferida inteirinha ou ir a uma aula de inglês.

EU USO MEU TEMPO NO TRABALHO PARA FAZER OUTRAS COISAS PORQUE. . .
35% dos entrevistados não conseguem resolver seus problemas pessoais em casa. 
• Ninguém é uma máquina e consegue sempre separar o pessoal do profissional. "Mas quem equilibra a divisão do tempo sai na frente", diz Luciano Meira, da consultoria FranklinCovey Brasil. Alguns assuntos pessoais são permitidos: marcar uma consulta médica, por exemplo, não suga tempo.




QUANTAS HORAS VOCÊ GASTA SEM FAZER NADA A CADA DIA? 
1 hora > 30%
2 horas > 33%
3 horas > 19%

• Isso pode não parecer nada no dia a dia. Mas, em cinco anos, com 2 horas e meia diárias, você poderia fazer seis MBAs.

TENHO POUCO TRABALHO A FAZER: AFIRMAM 32 % DOS PROFISSIONAIS
• Essa é para os chefes: nem sempre funcionários que parecem ocupados realmente estão. "Entre os gerentes, 90% perdem tempo no trabalho e produzem abaixo do esperado", diz Luciano. Dá para evitar que isso aconteça . "Os líderes têm que trocar feedback com a equipe para perceber como está a produtividade do time", diz Vera, do Instituto EcoSocial.



O PERIGO DAS REDES
85 % dos profissionais que responderam à pesquisa acessam as redes sociais no trabalho.
94 % usam o Twitter. A rede é a preferida entre os 1 606 pesquisados.
29 % acessam o LinkedIn. De uso mais profissional, é o último da lista das preferências
• Se usadas com cuidado, as redes sociais podem ajudá- lo a ser produtivo e a encontrar informações importantes. Mas tome bastante cuidado: participe apenas de redes relevantes. "O LinkedIn é um ótimo canal de contratação", diz Vera Costa, consultora do Instituto Eco- Social. Estabeleça horários para visitá-las, desabilite os avisos de novas mensagens, para evitar distrações, e integre as redes em um só programa. Para os viciados em Twitter, conselho do Christian: "Siga poucas pessoas. Selecione quem disponibiliza informações relevantes para o seu trabalho".

MOTIVAÇÃO EM BAIXA 
40% PROCURAM UM NOVO EMPREGO DURANTE O EXPEDIENTE.
20% ESTÃO INFELIZES COM O TRABALHO E NÃO SE CONCENTRAM.
18% GANHAM MAL E ENROLAM.
• A falta de significado no trabalho pode desmotivar os profissionais e fazer com que adiem ao máximo a realização de tarefas. Quem não se sente realizado não se concentra e usa mal o tempo. Os gestores devem tentar ajudar esses funcionários e mapear se estão no setor errado, por exemplo.


QUANTO TEMPO VOCÊ USA LENDO, RESPONDENDO E CLASSIFICANDO E MAILS? 
1 hora > 32%
2 horas > 24%
3 horas > 11%
• O tempo gasto para administrar e-mails varia de acordo com a atividade de cada um. Mas, na média, um profissional que separa de 45 minutos a 1h15 consegue fazer essa tarefa com tranquilidade. Christian aconselha: "Tenha um bom filtro anti-spam, veja suas mensagens apenas a cada 2 horas, escreva pouco e objetivamente e coloque como meta manter sua caixa de entrada limpa".

VOCÊ DEIXA TUDO PARA A ÚLTIMA HORA? 
57 % DIZEM QUE ÀS VEZES DEIXAM TRABALHO PARA DEPOIS.
12 % AFIRMAM QUE SEMPRE PRORROGAM OS DEVERES.
35 % REVELAM QUE NUNCA ADIAM AS TAREFAS

Deixar para resolver os assuntos no último minuto pode ser visto como uma característica cultural do brasileiro. Uma pesquisa desenvolvida pela consultoria Triad PS, com 1 502 respostas, mostra que apenas 28% dos americanos admitem procrastinar — o verbo é este mesmo —, na linguagem popular, empurrar com a barriga.

MEU CHEFE NÃO USA BEM O TEMPO PORQUE... 
36% reclamam que o gestor não sabe se planejar.
21% afirmam que o líder gera urgências na equipe.
21% dizem que o chefe perde tempo com bobagens.
• Um gestor que não sabe administrar bem o tempo prejudica a equipe e a empresa. "Chefes desorganizados criam equipes desorganizadas, mesmo que seus subordinados sejam disciplinados", diz Luciano. As empresas têm uma saída para evitar o problema: instalar bons medidores de produtividade. "A perda de tempo é um sintoma de algo maior: a queda de competitividade", diz Villela da Matta, presidente da Sociedade Brasileira de Coaching.

ALMOÇO E ESTICADINHA
59 % DOS PROFISSIONAIS EXCEDEM O TEMPO QUE TÊM PARA ALMOÇAR.
• A esticadinha no almoço só é perdoável se os minutos a mais forem ajudá-lo a voltar para o escritório com a produtividade em alta. "Muita gente fica sonolenta logo depois da refeição e precisa de um tempo a mais para voltar e se concentrar de fato", diz Christian.

INTERNET É VILÃ
36 % perdem tempo por causa da internet.
21 % se atrapalham ao navegar sem rumo pela rede.
21 % ficam desconcentrados por causa de comunicadores online.
• O excesso de informação disponível na internet atrapalha a concentração. Determine horários para navegar, faça uma lista com os sites relacionados ao seu trabalho e saiba o que você precisa procurar na rede. "Estabeleça um foco ao usar a internet. Isso ajuda a manter a produtividade", diz Luciano, da FranklinCovey Brasil.

MEUS COLEGAS ME ATRAPALHAM:
RECLAMAM 11% DAQUELES QUE PREFEREM TRANSFERIR O PROBLEMA PARA O COLEGA DE BAIA
• Essa questão pode ser resolvida com diálogo. Primeiro, tenha algumas conversas francas com seu colega tagarela. "Se não adiantar, leve o problema para o chefe. Ele tem autoridade para tratar do assunto", diz Vera.

QUANTO TEMPO VOCÊ GASTA FAZENDO POLÍTICA?
30 % NÃO "PERDEM" TEMPO COM ISSO.
23 % DIZEM DEDICAR MEIA HORA À ATIVIDADE.
• Reservar algum tempo para fazer política positiva, conversando, por exemplo, com a equipe de TI, pode ser extremamente útil quando você tem problema com sistemas no seu computador ou está desenvolvendo um projeto que depende da interação com ela. Ou, então, usar o tempo para fazer marketing pessoal e networking é importante. "Convidar seus contatos para um café de meia hora no meio da tarde pode render bons frutos, como novas ideias para antigos problemas", diz Vera.

DESCONTRAÇÃO NO MEIO DO EXPEDIENTE 
41 % repassam piadas por e-mail.
26 % trocam links de vídeos do YouTube.
• A prática pode até ajudar a relaxar num momento de estresse. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Melbourne, na Austrália, assistir a vídeos no YouTube ajuda a reorganizar a mente entre uma tarefa e outra. Mas, claro, parcimônia é essencial: "Cada um deve aprender a dividir bem seu tempo. E, se rir por uns minutos faz bem, não há problemas", diz Luciano.


Elisa Tozzi
REVISTA VOCÊS/A

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Representante Comercial: este é o momento de se reinventar


Houve um tempo em que a vida do representante comercial de bens de consumo era dura, onde sua principal característica era a perseverança, a persistência, e os treinamentos de vendas tinham o famoso lema “nunca aceite um NÃO como resposta”.


O trabalho do representante comercial não é apenas explicar o produto, mas fazer o cliente desejá-lo
O trabalho do representante comercial não é apenas explicar o produto, mas fazer o cliente desejá-lo.
 Pois é, esse tempo já passou. E hoje, para ser representante, é preciso muito mais do que perseverança, porque o número de produtos para supermercados está infinitamente maior do que na época das marcas de referência e produtos “inovadores”. A rotina agora é outra, e requer adaptações.
Em primeiro lugar é preciso compreender que os compradores já têm um outro perfil comercial, novos focos, novas metas e menos paciência. Sim, porque o volume de representantes oferecendo seus produtos cresceu exponencialmente, ou seja, quando a vinte anos atrás as introduções eram X, hoje elas são 20 vezes X. Onde você tinha 5 marcas de biscoitos, hoje você tem 100 para escolher. Na linha de produtos de limpeza e perfumaria as opções são ainda maiores, e quando você conseguir uma “audiência” com o concorrido comprador para apresentar o seu produto lembre-se disso, e não vá até ele para dizer que seu amaciante é “cheiroso e rende muto mais”. Isso não basta.
O comprador quer “bola na rede“, ou seja, produtos inovadores, com custo baixíssimo, com entrega ágil, com prestação de serviços indiretos na área de venda, com direito a trocas, comofertas pontuais e verbas para tablóides, com campanha publicitária na TV. E o que é pior: só vai comprar de você se tiver espaço e oportunidade em sua área de vendas.
Em outras palavras, o comprador de supermercados quer resultado financeiro, giro rápido, menos estoque, competitividade na praça e vantagens comerciais. Concorde você ou não com isso, esse é o cenário atual.
- Monte uma apresentação ao comprador sobre o cenário atual de sua área de vendas. Por exemplo: se você vende shampoo, fotografe a área de vendas. Estude a métrica e a distribuição física de cada marca nas gôndolas. Compare os preços de cada marca, e principalmente doproduto que concorre com o mesmo público que você atende. Demonstre sua proposta de exposição para o seu produto, como ficaria a nova configuração com a sua marca na gôndola. Mostre o potencial competitivo, a beleza do seu rótulo, a clareza das informações expostas ao consumidor, o preço de venda sugerido e a margem que o supermercado deve absorver com a venda de seu produto.
Permita que o comprador possa visualizar o ANTES e o DEPOIS da área de vendas com a entrada da sua marca. Se tiver estatísticas de vendas para oferecer, demonstre isso a ele, mas sem citar mercados concorrentes. Apenas se atente em convencê-lo de que o produto está girando e que a venda dele é uma certeza. O comprador deve sentir que o novo produto irá agradar ao seu cliente e que também trará crescimento de vendas na categoria e boa lucratividade. Tudo isso sem descartar que a expectativa inicial dele é tudo aquilo que já citei no quarto parágrafo: o cara quer “bola na rede”, não interessa se o produto é cheiroso, sedoso, saboroso ou cremoso. Interessa que ele sejavendável e lucrativo. Todo o resto atenderá aos diferentes consumidores e suas opiniões individuais.
Em toda profissão é preciso evoluir para crescer, adaptar-se às mudanças e compreender as expectativas de quem compra o nosso produto ou serviço. No caso do ramo de bens de consumo, o representante comercial tem como primeiro cliente o supermercado e segundo cliente o consumidor. É preciso atender aos dois simultaneamente para ter sucesso, e para isso não basta a perseverança e nem persistência. É preciso ser estrategista, seguro e persuasivo.

                                                                       Adriano Berger Ferreira,  Jornal do Empreendedor.

sábado, 8 de setembro de 2012

Os prós e contras de abrir loja em shopping center


Se você pensa no assunto, considere alguns aspectos

O ramo dos shopping centers continua em alta: o país tem, em 2009, 378 empreendimentos e 23 novos estão em construção, conforme dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em 2008, os chamados templos do consumo tiveram uma alta nas vendas de 11,4%, o que representou um faturamento de R$ 64 bilhões. Se você pensa em abrir uma loja em shopping, a oportunidade é boa. Mas leve em consideração os seguintes tópicos: 



Vale a pena? Em princípio, sim. Os estabelecimentos oferecem aos clientes mais comodidade do que os pontos de rua, há segurança, banheiros e estacionamento. Mas a decisão final sobre abrir ou não uma loja dependerá dos custos, que são bem maiores do que num ponto de rua.

Como escolher
A primeira coisa a observar é o perfil do frequentador do shopping, que deve ser o mesmo do cliente do seu negócio. Em cidades do interior, dê preferência aos empreendimentos com capacidade de atrair moradores de toda a região e não só da cidade. Nas grandes cidades, os shoppings buscam atrair os consumidores das redondezas, chamados de público primário. Isso porque, hoje, a tendência do consumidor é ir a um estabelecimento próximo de sua casa ou trabalho.

A dura realidade do ponto comercial
A primeira despesa a levar em conta na hora de avaliar se uma loja de shopping vale a pena é o valor do ponto comercial (a serem pagas uma vez, na escolha do local, a quem for o ‘dono’ do ponto). Para quem está começando um negócio do zero, os valores são geralmente inviáveis.

Custos de ocupação
Você deve calcular, corretamente, o custo de ocupação. Trata-se da soma de três despesas mensais: o aluguel, a taxa do fundo de promoção e a taxa de condomínio (veja mais detalhes no item a seguir). "O custo total não deve superar 15% do faturamento mensal do negócio, sob risco de inviabilizar o projeto", diz o consultor Marcos Hirai, do Grupo Cherto.

O aluguel da loja
É prática comum no mercado definir, como aluguel, um valor mínimo em reais e também um percentual sobre as vendas. No fim do mês, paga-se o que for maior. Definir o valor do aluguel é operação complexa: um único shopping pode ter 20 preços diferentes por metro quadrado. São valores cobrados para áreas distintas, como corredor principal e praça de alimentação. Pela regra, quanto maior o fluxo de pessoas em determinado local, mais caro será o aluguel.

Fundo de promoção e condomínio
O fundo de promoção é uma taxa mensal cobrada para divulgar o shopping e normalmente corresponde a 20% do valor do aluguel. A taxa mensal de condomínio, por sua vez, cobre despesas com energia, água, limpeza, administração e segurança do shopping.
Agora que você está sabendo como funciona para abrir um negócio em um shopping center, basta fazer uma análise desses fatores e botar em prática seu sonho.

domingo, 2 de setembro de 2012

Ficou difícil ser empresário




O ambiente de negócios mudou para melhor desde o Plano Real. Mas, agora, exige muito mais de quem tem a missão de tocar uma empresa

Por Judas Tadeu Grassi Mendes*
O ambiente dos negócios mudou radicalmente no Brasil, a partir do Plano Real, em 1994. Até então, a inflação distorcia o ambiente de decisão dos empresários, que simplesmente repassavam seus custos e margens para os preços. A partir dos anos 1990, porém, quatro processos tiveram início na economia brasileira. Por causa deles, o ambiente dos negócios mudou.

empreendedor350O primeiro foi a globalização. Preocupadas em reduzir seus custos, as empresas começaram a procurar fontes de suprimentos e ambientes mais favoráveis para produzir. Entretanto, as pequenas empresas – as do tipo familiar – tiveram dificuldades para aproveitar os benefícios desse processo.

O segundo foi a abertura da economia, que se tornou efetiva em dezembro de 1994, quando o governo baixou os impostos sobre carros para apenas 20%. A abertura foi fundamental para sustentar o Plano Real – pois incentivou a entrada tanto de produtos prontos para consumo quanto de máquinas, equipamentos e tecnologia que contribuíram para aumentar a competitividade das empresas brasileiras.

Outro processo transformador foi a estabilização da economia. Manter a inflação brasileira em níveis civilizados, bem abaixo de 10% ao ano, permitiu que os empresários mudassem sua maneira de gerir negócios. Os custos de produção passaram a ser cada vez mais importantes – já que não havia mais espaço para repassar custos aos preços finais.

Finalmente, o consumidor brasileiro amadureceu. A partir de 1991, com o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro, ele teve seus direitos ampliados. Consequentemente, as empresas se viram diante da necessidade de melhorar a qualidade de bens e serviços – até porque os consumidores começaram a reclamar e exigir mais.

Esses quatro processos, em conjunto, provocaram substanciais mudanças nos negócios. O resultado é que ficou mais difícil ser empresário e empreendedor no Brasil. O setor privado teve de mudar e muito (e para melhor) e essa mudança foi positiva para os consumidores brasileiros – que, hoje, têm muito mais produtos disponíveis em quantidade, qualidade e preços atraentes.

A pedra no caminho

Restou, porém, uma pedra no caminho dessa transformação: o setor público – que não só não mudou como se tornou ainda mais voraz na burocracia e na qualidade dos serviços que entrega à população. O nível educacional das escolas públicas de ensino básico é péssimo. Os impostos são absurdamente elevados (afinal, são 85 tipos de taxas diferentes que absorvem, juntas, mais de R$ 5 bilhões por dia). Os juros ainda são os mais elevados do mundo, embora tenha diminuído recentemente. E a infraestrutura é cara e ineficiente. De resto, o  que esperar de um Estado que fica com 36% do PIB em tributos, mas investe apenas 1% em infraestrutura?

São esses os desafios que os empresários familiares têm de encarar. Felizmente, há meios de resistir a esse ambiente inóspito. E eles passam por três tarefas básicas: apostar em inovação tecnológica para aumentar a produtividade; com maior produtividade, reduzir custos unitários de produção; com mais rentabilidade, melhorar a qualidade dos produtos. O ambiente é desafiador, especialmente para os pequenos empresários – que sofrem muito para acessar os recursos financeiros do BNDES, por exemplo. Mas também é de grandes oportunidades. A única verdade é que não há mais possibilidades para amadores e para gente que costumava ganhar dinheiro fácil com a inflação. As organizações familiares precisam ser profissionais e altamente competitivas. O governo dificulta muito? Mesmo assim, aposte no Brasil, pois as oportunidades são muitas.

* Diretor-presidente da Estação Business School (EBS), de Curitiba

Não copie Steve Jobs




Nem Bernardinho. Nem ninguém. Por quê? Ora, não existe fórmula para liderar

Tão logo Bernardinho começou a obter vitórias com a seleção de vôlei feminino, quase duas décadas atrás, parecia que uma pequena epidemia havia tomado conta das quadras brasileiras: treinadores de todas as equipes da liga nacional passaram a ter explosões de raiva à frente do banco de reservas. Xingamentos, ameaças de rasgar a própria camisa, faniquitos a cada erro do time – todos os trejeitos bernardinianos pareciam ter sido incorporados pelos comandantes técnicos do país. Nenhum deles, que eu saiba, copiara alguns dos outros princípios do treinador da seleção, como os treinos exaustivos, a obsessão pelos detalhes e o uso da estatística para esmiuçar adversários. Chiliques para as câmeras e para a torcida pareciam suficientes para angariar simpatia e fazer-se passar por um obcecado pela vitória (que só não viria caso os comandados, sempre eles!, não cumprissem direito com a sua parte, claro).

macacopensando350O sucesso da Apple na última década parece ter provocado efeito semelhante em executivos de todo o mundo, ao menos no que diz respeito à emulação do estilo Steve Jobs de liderar. A literatura light business explorou à exaustão o jeito Jobs de comandar equipes, criar produtos, fazer apresentações de impacto e tudo o mais. De uma hora para outra, ser autoritário, perfeccionista com bobagens e, por que não?, até um pouquinho mau caráter parecia justificar tudo em nome do sucesso empresarial.

Mas essa ilusão talvez se desfaça antes mesmo de criar raízes e virar mito. A última edição da revista americana Wired pergunta, em sua reportagem de capa, se a trajetória de Jobs é “uma inspiração ou uma advertência”. E explica: embora busquemos copiar pessoas bensucedidas, a lição do CEO da Apple parece ser muito pouco dignificante: “viole toda norma de interação social ou empresarial que o separe de seus objetivos”.

Jobs, sabemos todos, destratava empregados, implicava com coisas desimportantes e dava pouca atenção à própria família – tudo em nome da arrogância de achar-se sempre certo e da ambição de fazer história. Wired pergunta se “vale a pena ser Steve Jobs", dado o preço que se paga em tentar imitar seu jeito maníaco de fazer as coisas. Eu acrescentaria: será mesmo que a pretensa lição que sua trajetória oferece é muito diferente da de qualquer outro empreendedor?

Explico.

Não existe uma única forma de fazer as coisas acontecerem nas organizações. Há exemplos de sucesso e de fracasso para todos os gostos: líderes carismáticos que venceram ou afundaram, visionários autocráticos que ficaram bilionários ou faliram, gestões participativas duradouras ou abortadas em menos de um mês. É possível construir teorias de todos os tipos quando se examina a vida dos líderes bem e mal sucedidos e de seus respectivos estilos de comandar. Como Henry Mintzberg bem recorda em seu livro “Managing” (Bookman, 2010), recuperando uma citação de pesquisa publicada em 1977,

“quando os padrões de fracasso são examinados, são tão contraditórios que assustam. Os gerentes se envolvem em detalhes demais – de menos. São cautelosos demais ou destemidos em excesso. São excessivamente críticos ou receptivos. Planejam e analisam e procrastinam ou então pulam às cegas sem análise ou planejamento”.

Zé Roberto Guimarães, menos explosivo que Bernardinho, é tão vencedor quanto seu rival. Bill Gates, sem qualquer apreço por design ou perfeccionismo, fez uma empresa tão grande ou maior que a de Jobs. Há empresários que fizeram fortuna bajulando clientes; outros, ignorando-os. E assim vai.

Há exemplo para tudo, portanto. E se existe alguma lição nas trajetórias de destaque – e nas de fracasso, diga-se - é a de que não existe padrão. Felizmente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


 10 Top Filmes para Empreendedores

“ O cinema é um bom meio de descrever os comportamentos humanos, organizacionais, as tomadas de decisão, a comunicação, a liderança e tudo que tem relação com um tema específico.”

Confira alguns Top filmes para empreendedores:

1. The King’s Speech (2010) – O Discurso do Rei

O terapeuta Lionel Logue, passa para o rei a técnica e “truques” de como ou que falar, mais que isso passa confiança, mostra a postura ideal de uma pessoa pública e até a escolha das palavras na hora de um discurso.
O filme mostra a cumplicidade da amizade entre um terapeuta nada convencional e o Duque de York (que se tornaria o futuro Rei George VI).
George VI (Colin Firth), conhecido como Berty, assume, a contragosto, o trono de rei da Inglaterra quando seu irmão, Edward (Guy Pearce), abdica do posto em 1936. Despreparado, o novo rei pede o auxílio de um especialista em discursos, Lionel Logue (Geoffrey Rush), para superar seu nervosismo e gagueira. Com o tempo, tornam-se amigos.

2. The Social Network (2010) – A Rede Social

Amigos são amigos, negócios à parte.
Ele pode ser o mais jovem bilionário do mundo, mas o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg não chegou onde ele está sem fazer alguns inimigos pelo caminho. De um dormitório de Harvard para o tribunal, o filme Rede Social (interpretado por Jesse Eisenberg) conta a história do Facebook, as provações e triunfos, e como ele constrói a rede social para o império de bilhões de dólares.
A saga vem com um aviso importante aos jovens empresários sobre a facilidade com fama e fortuna podem prejudicar as relações pessoais.

3. Up in the Air (2009) – Amor sem escalas

O protagonista do filme, George Clooney representa a geração que se defende muito bem com as mudanças tecnológicas e consegue se sustentar. Além dos conflitos de comunicação.
Ryan Bingham (George Clooney) é um consultor que tem a tarefa de demitir funcionários para cortar os gastos das empresas. Quando não está no trabalho, gosta de passar o tempo em quartos de hotéis pouco conhecidos e cabines de vôos. Com uma carta de demissão na mesa de seu chefe e a promessa de trabalho em uma misteriosa firma de consultoria, Bingham está perto de conquistar seu principal objetivo: conseguir dez milhões de milhas como passageiro.

4. In the Pursuit of Happyness (2006) – À procura da Felicidade

A boa ética no trabalho tem um longo caminho.
Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas em manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de apenas 5 anos. Ele tenta usar sua habilidade para conseguir um emprego melhor que lhe dê um salário mais digno, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Porém seus problemas financeiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão.
Apesar dos problemas, Chris continua a honrar seu compromisso como um pai amoroso e afetuoso, usando a afeição e a confiança que seu filho depositou nele para superar os obstáculos que encontra.

5. The Aviator (2004) – O Aviador

Não tenha medo do “cara grande”.
O filme vencedor do Oscar mostra a carreira de 20 anos do lendário Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), como ele deixa de ser um diretor de cinema Hollywood perfeccionista para um piloto de avião inovador e proprietário de uma companhia aérea. O filme mostra como Hughes assume a Trans World Airlines e tenta competir com a grande e ruim, Pan American Airlines. A estrada é longa e a luta contra a Pan Am. é dura, mas Hughes nunca desiste. E, embora eventualmente Hughes no filme sofria de paranóia e fobias debilitantes, pelo menos faz um breve retorno no final.
A lição deste filme e a história de empreendedor é esta: Nunca tenha medo de assumir uma empresa maior do que a sua.

6. Pirates of Silicon Valley (1999) – Os Piratas do Vale do Silício

A concorrência é boa nos negócios.
Quando a revolução começou, ninguém poderia imaginar que ela começaria em dois lugares tão diferentes. De um lado estava Steve Jobs, que de sua garagem criou Apple e um dos computadores pessoais mais usados na atualidade, e Bill Gates, o criador da Microsoft e do Windows, que tirou suas idéias de conversas noturnas em seu dormitório da faculdade. Ambos mudaram o jeito de encarar a informática, criando sistemas tão simples e abrangentes, para trabalhar, viver e se comunicar. Mas essa não foi uma revolução fácil e nem honesta. Conheça os bastidores da história desses dois homens, que usaram todos os tipos de golpes e armas para ganhar essa revolução. Com Noah Wyle (de Plantão Médico) e Anthony Michael Hall (de O Clube dos Cinco).
O filme é uma ficção, que se traduz uma intensa rivalidade entre dois homens de negócios, e como eles alimentam constantemente a rivalidade.
Considerando que o verdadeiro Steve Jobs e Bill Gates estão agora no topo, o filme mostra (pelo menos um) ponto: Quando você está apenas começando, um pouco de competição nunca fez mal a ninguém.

 7.Jerry Maguire (1996)

Manter o seu valor.
Jerry Maguire (Tom Cruise) é um agente esportivo bem-sucedido no ramo, mas numa noite escreve uma declaração de 25 páginas que sugere que os agentes tenham menos clientes e passem a usar um tratamento mais humano para com eles. Este fato provoca sua demissão em um curto espaço de tempo e ele começa a perder de uma só vez todos os seus clientes, sendo obrigado a concentrar toda a sua energia e potencial em seu único cliente, um temperamental jogador negro de futebol americano (Cuba Gooding Jr.).
O filme nos lembra que começar um negócio nunca é fácil, mas fazer o que você acredita é sempre a escolha certa. No final, ele está mais feliz e mais bem sucedido do que nunca.

8. Wall Street (1987)

Nessa visão envolvente dos bastidores do mundo empresarial em 1980, um jovem e ambicioso corretor (Sheen) é atraído pelo mundo ilegal e altamente lucrativo da espionagem empresarial ao ser seduzido pelo poder, status e magia financeira da lenda de wall Street, Gordon Gekko (Douglas). Mas ele logo descobre que a riqueza adquirida da noite para o dia tem um preço muito alto. Daryl Hannah e Martin Sheen co-estrelam essa história de impressionante visão moral sobre o sonho americano que deu errado.
Wall Street tem uma forte mensagem moral: a riqueza adquirida da noite para o dia tem um preço muito alto e que a ganância vem quase sempre no caminho do verdadeiro sucesso.

9. Gandhi (1982)

GANDHI não foi um monarca de nações, nem tinha dons científicos. Apesar de pequeno, este homem modesto fez o que nenhum outro homem conseguiu antes. Ele liderou um país inteiro à liberdade – ele deu esperança a seu povo. A história de GANDHI, o homem do século é contada neste filme emocionante e inesquecível. Depois de consumir 20 anos para ser concluída, esta obra-prima ganhou 9 Oscar em 1983, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator. Com primorosos detalhes, a vida de GANDHI seus princípios e ideais explodem nas telas em cenas impressionantes, como o terrível massacre em Amristar, onde os ingleses atingiram 15 mil homens, mulheres e crianças desarmados e a dramática marcha até o mar na qual GHANDHI liderou milhares de seus conterrâneos indianos a provar que o sal marinho pertencia a todos e não era apenas uma mercadoria britânica.
Um filme onde pode-se tirar grandes lições de liderança.

10. Citizen Kane (1941) – Cidadão Kane

Um filme que está entre os melhores da história.
A ascensão de um mito da imprensa americana, de garoto pobre no interior a magnata de um império dos meios de comunicação.Associa a solidão e o sucesso profissional.
Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst.

Autor

Eliana Cha – escreveu  posts no Jornal do Empreendedor.
Mente inquieta e a procura da verdade e de inspiração pra vida.




Bom final de semana a todos!
Divirtam-se!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Saiba como obter empréstimo de até R$ 15 mil para sua empresa


O microcrédito é uma maneira de promover a economia popular por meio da oferta de recursos a atividades produtivas de pequeno porte que geram trabalho, renda, inclusão social e desenvolvimento local. Apesar do objetivo comum, as condições variam de banco para banco.



No Banco do Brasil, empreendedores informais pessoa física (PF) podem acessar a linha de crédito desde que sejam correntistas e tenham renda bruta mensal de até R$ 2 mil. Já o cliente pessoa jurídica (PJ) precisa ser empreendedor individual ou microempresa com faturamento de até R$ 120 mil. A taxa de juros é de 0,64% ao mês.

No Bradesco, o microcrédito é disponibilizado para microempreendedores PF e PJ e o empréstimo máximo é de R$ 4.700. A prestação mínima deve ser de R$ 20 e o prazo de pagamento entre 4 e 12 meses, com taxa de juros de 2% ao mês.

Na Caixa, o programa Crescer oferece microcrédito produtivo orientado para empreendedores formais e informais com faturamento de até R$ 120 mil por ano. A taxa de juros é de 0,64% ao mês, com prazo de 4 a 24 meses para pagar. Os valores iniciais variam de R$ 300 a R$ 3 mil e podem evoluir até R$ 15 mil.

No Itaú, o empréstimo está disponível para microempreendedores formais e informais com faturamento de até R$ 360 mil por ano. Os valores vão de R$ 400 a R$ 15 mil, com taxa de juros máxima de 3,9% ao mês, que é sempre decrescente.

O prazo de pagamento varia de acordo com a destinação dos recursos e capacidade de pagamento do tomador do empréstimo, segundo Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito.

“A média de pagamento é sete meses. Com a experiência, percebemos que não é saudável para o cliente estender muito o prazo, pois, muitas vezes, ele cresce rápido e já precisa de crédito para outra finalidade. O objetivo é sempre adequar o tempo de pagamento ao ciclo do negócio”, declara Ferreira.

No Santander, o microcrédito está disponível para empreendedores formais e informais que tenham, pelo menos, seis meses de atuação. O valor médio dos empréstimos é de R$ 1.800 e a taxa de juros vai de 2% a 3,95% ao mês.



Larissa Coldibeli
Do UOL, em São Paulo

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Quanto pequenas empresas devem investir em marketing


Mulher gritando no megafone
Altos investimentos em campanhas publicitárias e ações em mídias sociais costumam ser associados a grandes empresas. No entanto, com a necessidade de expansão de mercado, também as pequenas empresas têm dado certa atenção a investimentos em marketing.
Aqui não me refiro a ter um departamento de marketing ou mesmo uma equipe completa, mas ao planejamento de verba para as ações de marketing.
E quanto deve ser investido em marketing? A resposta sairá deste planejamento, ou como é comumente chamado, do plano de marketing. É listar possíveis ações, fazer orçamentos para saber os custos, buscar por fornecedores que possam executá-las, criar um cronograma para adequar as ações à sazonalidade de seu negócio e, principalmente, determinar objetivos para estas ações.
Podemos dividir os investimentos em marketing em dois grupos. O marketing institucional é aquele com ações para que os clientes conheçam a empresa e seus produtos e serviços. Refere-se, por exemplo, ao desenvolvimento da logomarca, do website, das mídias sociais, dos materiais gráficos (cartões de visita, folders, catálogos, etc.) e de propagandas em revistas. Neste caso, recomenda-se investimento constante. Assim, em vez de um percentual do faturamento, melhor seria estabelecer um valor fixo mensal que cubra o planejamento de marketing da empresa.
Já o marketing comercial é feito com ações para gerar aumento de vendas, como campanhas para datas especiais e promoções. O percentual de investimento tende a variar muito de acordo com o segmento da empresa. Empresas que dependem de ações de marketing para vender chegam a investir 10% do faturamento ou até mais. No geral, investir de 3% a 5% do faturamento é um bom patamar.
Fonte: Exame.com

terça-feira, 14 de agosto de 2012


Entenda por que a gestão de riscos é uma prática fundamental para gerir qualquer negócio.
Empresas e organizações estão inseridas em um cenário cada vez mais dinâmico. Com o objetivo de cumprir suas metas de negócio e maximizar seus resultados, cada uma delas vem constantemente buscando mecanismos de evolução focados em um conceito:
Eficiência. Várias ondas ocorreram ao longo das últimas décadas relacionadas ao aumento de produtividade, qualidade e a racionalização dos custos, sempre visando à melhoria de competitividade.
Paradoxalmente, está se tornando cada vez mais comum grandes e longevas corporações ruírem. Enron, Andersen, Worldcom e Parmalat são exemplos de empresas que, apesar da jornada de eficiência, não garantiram a solidez de outro pilar fundamental para o sucesso, a Gestão de Riscos em suas organizações.
De maneira recorrente, inúmeras pesquisas e estatísticas demonstram que a Gestão de Riscos é considerada atualmente como a prática mais fundamental pelos líderes de empresas globais para que suas organizações sejam lucrativas. Por outro lado, também relatam que a ocorrência de fraudes e demais incidentes relacionados à falta de mecanismos para gerir riscos não são situações isoladas nem seletivas, ou seja, não estão restritas a apenas algumas áreas das empresas, nem mesmo a segmentos de mercado específicos. No passado, as empresas preferiam ignorar estes incidentes, pois não desejavam e, na maioria das vezes, não sabiam como tratá-los. Este é um dos principais componentes do chamado “Custo Brasil”.
Riscos típicos que podem se materializar decorrentes de uma gestão de riscos ineficiente:
• Perdas de estoque;
• Aquisição de ativos por valores superiores ao de mercado;
• Fechamento de contratos de fornecimento com empresas de familiares;
• Recebimento de brindes e prêmios por favorecimento de contratos;
• Compra de mercadorias de qualidade duvidosa com baixo potencial de revenda;
• Assedio sexual entre chefe e subordinado;
• Fornecimento e/ou venda de informações para concorrentes;
• Desvio de ativos financeiros para conta pessoal;
• Manipulação de dados e informações para ocultar maus resultados ou fraudes;
    Portanto, é de fundamental importância todas as empresas definirem e implantarem uma área de Gestão de Riscos com capacidade para desenvolverem diversas soluções combinadas:
• Mapeamento, categorização e análise de impacto dos riscos corporativos ao longo de toda a organização. Priorização dos esforços de mitigação.
• Eliminação de vulnerabilidades e incorporação de controles internos nos processos e sistemas relacionados a atividades que envolvam negociação e fluxo de produtos – da entrada de insumos até a devolução de produtos acabados;
• Elaboração e divulgação do Código de Ética e Códigos de Conduta, incluindo políticas, regras e procedimentos para as atividades rotineiras;
• Análise da aderência ética de candidatos e funcionários para cargos com alta atratividade e oportunidade;
• Revisão dos fluxos de pessoas (funcionários, clientes e fornecedores), controles de acesso e layout das áreas críticas;
• Implantação de procedimentos e soluções tecnológicas relacionados à segurança de informações confidenciais nas mais diversas modalidades (mídia impressa, eletrônica e voz);
• Estabelecimento de canal interno de denúncia e indicadores de monitoramento em sinergia com um núcleo de inteligência;
• Estabelecimento de uma célula de inteligência focada no monitoramento de indicadores de exceção ligado a situações de risco (desvio de ativos, conluios, fuga de informações confidenciais);
O conceito elementar é: a solução deve ser preventiva e não reativa. Por quê? Esta é a única maneira de evitar a reincidência do fato. E como proceder? Estabelecer as condições necessárias para que a gestão de riscos seja reforçada, disseminada e aplicada por toda a organização. Este processo requer como pré-requisito e fator crítico de sucesso o patrocínio dos acionistas e da alta administração. O resultado é tangível e mensurável: menores custos operacionais e eliminação dos incidentes que possam comprometer a continuidade do negócio e maior eficiência nos processos financeiros, produtivos, logísticos e comerciais.

Marcelo Forma é sócio-diretor da ICTS Global, empresa de consultoria, auditoria e serviços em gestão de riscos de negócios.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Aprendendo com o filme O Resgate do Soldado Ryan


O filme O Resgate do Soldado Ryan, lançado em 1998, dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Hanks, pode nos ensinar muito sobre a importância de dominar estratégia, tática e operação. Além disso, as lições da analogia de guerra nos mostram quando você deve alterar sua operação, tática, ou estratégia.
As guerras são eventos tristes para os envolvidos, pessoas morrem e sofrem, inocentes são atingidos. Mas as analogias de guerra podem nos ensinar muito sobre o mundo dos negócios. Foi isso que fez Sun Tzu cair na graça dos MBAs e autores de auto-ajuda corporativa.

Estratégia

No filme O Resgate do Soldado Ryan, chega ao conhecimendo do General George C. Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército Americano, que 3 irmãos Ryan morreram recentemente nos combates da II Guerra Mundial, sua mãe, portanto, já havia recebido 3 medalhas e cartas de pêsames em casa, no interior americano. No entanto, há um quarto irmão, o caçula, James Ryan, paraquedista que ainda não foi dado como morto, mas saltou em algum lugar da França e está incomunicável.
Caso a mídia descubra que uma mãe perdeu 4 filhos na guerra, a opinião pública americana seria seriamente afetada e o discurso anti-guerra ganharia força. No entanto, se o soldado Ryan, que está perdido e incomunicável, volta salvo para os EUA, o coro pró-guerra pode se fortalecer e conseguir mais apoio popular. Além disso, há a “Política do Único Sobrevivente“, que determina que as instituições militares americanas têm o dever de resgatar e proteger combatentes que já tenham perdido familiares na guerra. Então o General Marshall ordena que seja enviada missão de resgate para localizar e trazer o soldado James Ryan a salvo para os Estados Unidos.
George C. Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército Americano
“O garoto está vivo, e nós vamos enviar alguém para encontrá-lo, e vamos tirá-lo do inferno.”; “Sim, senhor!”
A estratégia é clara: enviar uma missão para localizar e resgatar o soldado James Ryan. Ela não define como vão fazer, ou quem vai executar a missão.
Quando você fala que seu negócio tem uma estratégia, deve estar falando de um objetivo, não de um modo de fazer, Mintzberg a define como “A forma de pensar no futuro”. Ela é definida pela mais alta gestão da empresa. Sua estratégia pode ser a consolidação de serviços para cerimônias de casamento; oferta diária com descontos agressivos ou entregar o melhor resultado para uma busca na Internet. Mas não deve fazer parte da descrição de sua estratégia o envio de e-mails diários para os assinantes; uso de links como pontuação para apresentar resultados de busca; oferecimento de 1 mês grátis para novos assinantes. Isso é a tática.

Tática

No Dia-D, 6 de junho de 1944, o Capitão John H. Miller, comandante da Companhia Charlie, pertencente ao do 2º Batalhão dos Rangers, sobrevive ao desembarque na praia de Omaha na costa da França e forma um grupo de soldados para penetrar nas defesas alemâs, levando à tomada da praia.
Três dias após Dia-D o capitão Miller recebe a missão de encontrar e resgatar o soldado Ryan. Ele forma uma esquadra (pequeno grupo militar) de 8 homens, ele mais 7, e parte para cumprir sua missão. O restante dos homens de sua companhia são absorvidos por outras unidades militares. O soldado Ryan, paraquedista, deveria estar próximo da cidade de Neuville, mas não há certeza alguma pois a maior parte dos paraquedistas foi levada a saltar nos locais errados e muitos estão perdidos.
Miller e sua esquadra de resgate
Miller com os melhores homens de sua companhia.
O Capitão Miller formou um time com os melhores homens de sua companhia, inclusive especialistas, como um médico, um sniper e um tradutor de francês e alemão recrutado de outra companhia. O grupo viaja a pé, com pouca bagagem e segue perguntando a seus compatriotas por pistas do soldado Ryan, até finalmente encontrá-lo defendendo uma ponte em Ramelle.
A tática define o caminho, ferramentas e processos para se cumprir a estratégia. O Capitão Miller, com seu conhecimento de combate e sabendo do objetivo a ser cumprido, estabelece que o melhor jeito de completar a missão é viajando rápido, com bons especialistas mas em número reduzido, com foco na missão e pensando cuidadosamente antes de cumprir objetivos secundários como destruição de outros alvos ou perseguição de inimigos.
Na sua empresa, a tática existe para detalhar e cumprir sua estratégia, é nela que são definidos os processos. Os profissionais que a compõem são, normalmente, os gerentes e chamados “middle managers”. Num negócio, sua tática de atração de novos clientes pode ser o envio de convites por redes sociais; a tática de fortalecimento de marca pode ser a publicidade em mídias sociais; a tática de atendimento a clientes pagantes pode ser o chat em tempo real pelo website. No entanto, sua tática não define os passos de execução de uma tarefa, ou os profissionais necessários para cumpri-la, isso é definido na operação.

Operação

Ao longo do filme, Miller encontra inúmeros cenários imprevisíveis nas etapas de planejamento estratégico e tático. Na área rural de Neuville, um dos homens de sua esquadra é morto por um sniper inimigo, o sniper de seu time então consegue abatar o alemão. Em seguida um aliado informa que Ryan teria saltado em Vierville e eles seguem para a nova localização, descobrindo que Ryan estaria defendendo uma ponte em um outro local, Ramelle.
Alguns membros da Esquadra formada pelo Capitão John H. Miller
Estes são os homens da operação.
No caminho para Ramelle, a esquadra de Miller vê a oportunidade de neutralizar uma metralhadora alemâ próxima a uma estação de rádio abandonada. O médico da equipe é ferido e morto no combate, dos inimigos, apenas um sobrevive. Os companheiros de Miller desejam matar o alemão mas o tradutor o defende; Miller, o superior em comando, decide fazer o inimigo andar vendado e se render à próxima patrulha aliada que encontrar.
Ao chegar em Ramelle, Ryan se recusa a ir embora, pois não poderia deixar seus companheiros defendendo a ponte sozinhos, Miller então decide que ele e seus homens vão ficar e ajudar a defender o local do ataque inimigo que se aproxima, Ryan aceita que após o combate ele irá retornar para casa, permitindo que Miller dê sua missão como cumprida.
O que se segue é uma batalha sangrenta, cheia de exemplos de planejamento tático e execução operacional, com autonomia, improviso e foco em objetivos.
A operação é responsável por executar a tática e cumprir a estratégia. É na operação do seu negócio que vão ser definidos quais os profissionais necessários, assim como os passos ou a rotina de trabalho de cada função. Sua operação deve ter metas claras a serem sempre superadas e revistas, como o número de atendimentos executados; a definição de mensagens promocionais a ser enviada aos potenciais clientes; a criação de anúncios para popularização da marca; o número de notícias semanais a serem publicadas no website.

Quando alterar cada um dos elementos

Estratégia, Tática e Operação se dispõem como uma pirâmide (estratégia no topo) e numa gestão empresarial é muito importante saber quando agir sobre cada um deles.
Uma estratégia errada não pode ser corrigida por tática e operação bem executadas. Se a estratégia do filme afirmasse que o soldado Ryan precisava continuar em combate e voltar vivo após o fim da guerra, não há tática ou operação que pudesse garantir tal objetivo, isso seria largar o cumprimento da missão à revelia do acaso.
Um dos erros mais comuns e prejudiciais, é alterar elementos estratégicos quando na verdade o que precisa ser alterado é tático ou operacional. O preço, por exemplo, é um elemento estratégico, e se suas vendas não estão conforme o previsto, você deve primeiro rever elementos operacionais, depois os táticos, e, uma vez esgotadas todas as opções táticas e operacionais, alterar o preço.
Uma estratégia de sucesso fortalece o bom desenvolvimento de um negócio, enquanto uma estratégia mal feita não pode ser corridiga por tática ou operação. Por exemplo: Alguns grandes grupos de mídia não perceberam que sua estratégia, adequada para as décadas em que os grupos foram criados, já não estão mais funcionando após a revolução digital. Não há tática de “pague para ver o conteúdo do jornal na Internet” ou operação de “produzir conteúdo apenas com jornalistas” que salve uma estratégia falha, que no passado foi vencedora, mas não se adequa mais aos dias atuais.
Exemplos de estratégia bem sucedida são fáceis: Google, Facebook para ser bem clichê, Airbnb para pegar algo mais novo. Mesmo com erros de tática e operação, como Facebook Beacon, Google Wave e Google Buzz, clientes insatisfeitos com o Airbnb; a estratégia das companhias foi tão bem definida que, uma vez que as táticas e operações mal-sucedidas foram corrigidas, seu crescimento exponencial foi inevitável.
Uma vez tendo uma estratégia em que você confia, a tática e a operação são os elementos a serem modificados mais frequentemente, e, mais uma vez, não adianta mudar um quando o problema é no outro. Se a tática de “pague para ver nosso jornal na Internet” não funciona, não adianta mexer na operação de como o pagamento é feito ou quais as palavras usadas na página de oferta da assinatura. Da mesma forma, se a operação de “produzir 10 notícias novas por dia usando um time de 3 generalistas e 1 especialista” não está funcionando, o problema pode não ser estratégico ou tático, talvez você precise rever as metas, reorganizar o time ou alterar a proporção de generalistas e especialistas.
Sabendo como lidar com elementos estratégicos, táticos e operacionais, você vai ter muito mais clareza sobre o desenvolvimento de seu negócio, e vai conseguir atuar, cirurgicamente, em cada um dos elementos, sem perder tempo alterando fatores de seu negócio sem ter segurança de estar agindo da melhor maneira possível.

Marco Gomes