Práticas de gestão do conhecimento não são apenas modismos da administração moderna. Não é de hoje que as empresas já a utilizam como ferramental de capacitação profissional. Temos inúmeros exemplos de mestres que passam os ofícios de sua profissão a seus aprendizes, desde os grandes mestres da arte como Da Vinci ao um simples carpinteiro em sua oficina rudimentar.
A economia mundial já viveu vários ciclos marcados pelas revoluções Agrícola e Industrial e, mais recentemente, pela Revolução da Informação. Na Revolução Agrícola, o poder político e econômico baseava-se na posse da terra. Já na Revolução Industrial, o determinante era o capital financeiro. Nela, passamos pela eras da produção em massa, da eficiência, da qualidade, da competitividade. Agora, em plena Era da Informação o que pesa é o conhecimento.
O saber e o aprender sempre foram as molas propulsoras da humanidade. Dados, informações e conhecimentos sempre existiram em todas as organizações, sejam elas do primeiro, segundo ou terceiro setor. O que há de novo nesse processo é entender o conhecimento como capital intelectual ativo das instituições. Saber geri-lo, conservá-lo, disseminá-lo, combiná-lo, criar e aplicar o conhecimento é fundamental para obter sustentabilidade e vantagem competitiva, por meio de melhorias, inovação e aumentando a qualidade de vida das pessoas, nesse mundo de constantes mudanças. Por isso é necessário que os gestores estejam abertos à criação de um ambiente favorável ao apoio de práticas que levem à formação de mais conhecimento, permitindo a captura e o filtro desse saber por meio de processos, métodos, práticas, ações e de sistemas internos de compartilhamento entre seus parceiros.
A grande questão é: onde está armazenado todo esse conhecimento? Ele está em toda parte, na cabeça das pessoas. É o conhecimento tácito, ou seja, aquele que foi formado pela vivência e pela interpretação e pela aplicação constante de dados e informações. Como transformar esse saber em conhecimento explícito, aquele que pode ser formalizado, armazenado, transportado, utilizado e mensurado? Somente com o gerenciamento de todo esse capital intelectual coletivo. Daí a necessidade da gestão do conhecimento!
Com a velocidade das transformações e a atual complexidade dos desafios, ganhar longevidade nesse mercado inconstante não é tarefa fácil. Empreendimentos públicos e privados devem antecipar suas estratégias aos fatos, precisam ser pró-ativos em suas decisões e reinventar-se a cada dia.
O que garante a segurança na tomada de decisões é a disponibilidade de todas as informações e conhecimentos possíveis. Quando esse capital intelectual está inacessível, disperso ou desorganizado, o futuro torna-se temeroso, incerto. A gestão do conhecimento veio em auxílio dos empreendedores no desenvolvimento de soluções relacionadas à competitividade e inovação nas empresas.
O cerne da gestão do conhecimento é justamente preocupar-se com a organização do conhecimento humano para que esse possa ser usado de maneira inteligente, gerando mais valor e aumentando o desempenho e a vantagem competitiva. Cabe à GC (Gestão do Conhecimento) criar, identificar, recolher, organizar, armazenar, integrar, partilhar, difundir, transferir, socializar, usar e explorar toda informação, filosofia, política, cultura, valores, normas, procedimentos, rotinas, processos, práticas e experiências dos colaboradores.
Muitos profissionais, com seus saberes individuais, deixam de trocar experiências entre si, impossibilitando o encontro de soluções na base da pirâmide e impedindo a implementação de uma boa gestão do conhecimento. Apoiada na participação ativa da alta administração, a GC coloca todos trabalhadores em contato constante, criando comunidades de aprendizado mútuo, disponibilizando a informação, na hora e no lugar acessível para cada necessidade, evitando retrabalho e sem duplicidade de esforços.
A gestão do conhecimento estimula os indivíduos a buscarem e compartilharem seu capital intelectual, de acordo com suas habilidades, por meio de ferramentas criadas para esse fim como, por exemplo, redes internas, portais, conversas informais, grupos de trabalho, lições aprendidas, comunidades de práticas, assistência a colegas, análise de rede social, colaboração em rede, narrativas, educação corporativa, inteligência nos negócios, processo de criação e inovação e gestão de intangíveis. O resultado se materializa na aplicação desses saberes cotidianos no ambiente de trabalho.
Os benefícios são inúmeros tanto para a pequena empresa como para as gigantes multinacionais e até governos e o melhor: está disponível para qualquer tipo de empreendimento. Basta vontade de crescer e aprender sempre. Em primeiro lugar, as instituições ganham agilidade e mais capacidade de resposta aos problemas imediatos, tornam-se mais competitivas e rentáveis. Os trabalhadores, por sua vez, sentem-se valorizados e motivados. Isto aumenta o seu rendimento produtivo, auxilia no desenvolvimento de competências e facilita a comunicação entre os pares. Esses perdem o medo natural de compartilhar ideias geradoras de inovação e de enfrentar novos desafios. Além disso, a GC também propicia conscientização do pessoal em torno do negócio, criando e aplicando o conhecimento em novos produtos, nos processos, na execução de tarefas para atingir a excelência operacional, no atendimento ao consumidor etc. Tudo isso agrega valor à organização.
Para as empresas, a GC melhora a capacidade de atrair profissionais comprometidos com resultados de longo prazo, com conhecimentos e habilidades diversas, gera empregabilidade, diminui a rotatividade, estimula a criatividade e a vontade constante de aprendizado. Otimiza, ainda, os processos internos e os fluxos de trabalho. Desta forma, a gestão do conhecimento gera valor às organizações, diferenciando-as das demais. Propicia um melhor aproveitamento do conhecimento já existente, contribui para a redução de custos, para o aumento de competitividade e receita. Também os investimentos em capacitação profissional acabam por retornar mais rapidamente.
A agilidade nas respostas e o comprometimento são notados pelos clientes que percebem a sensível melhora no atendimento e na qualidade dos serviços, ou seja, quando uma decisão é tomada com mais segurança, rapidez e competência há uma melhor obtenção de resultados percebidos. Outra vantagem é conhecer os pontos fortes e fracos da organização para buscar a correção de rumos e a melhoria contínua.
Invariavelmente, empreendimentos bem sucedidos são aqueles nos quais a gestão do conhecimento faz parte do ambiente e de sua cultura organizacional. Em outras palavras, faz parte do seu DNA, isto é, está intrínseca nos processos, sistemas, comportamento e valores. São aqueles que utilizam a GC como recurso estratégico para gerar vantagem competitiva e aumentar o valor de mercado. São os que incorporam essa inteligência coletiva à tecnologia, atendimento, produtos e serviços. Exemplos não faltam, Apple, IBM, MPX, Tetrapak, Natura, Correios, Petrobras, Vale, entre muitas outras. Essas empresas já entenderam que o conhecimento é um gerador de riquezas, é um fator fundamental para mantê-las competitivas no mercado, fortalecer suas competências e melhorar seu desempenho. Esse capital não tem preço, portanto, não pode ser negociado!
Fonte; Portal Administradores